terça-feira, 26 de maio de 2009

O período da Literatura na História da Contabilidade.

Caracterizado pelo ensino da Contabilidade através de livros, o período da Literatura teve seu início com os livros e livretes manuscritos que circulavam para ensinar escrituração contábil.
As provas da existência de tais manuscritos foram oferecidas no século XI, ganhando intensidade no século XIV, no Oriente. Entretanto apesar dessa comprovação, o impulso da difusão do ensino só viria com a obra do frei italiano Luca Pacioli¹, editada em 1494, em Veneza, razão pela qual o professor Federigo Melis constitui como marco da era da Literatura tal acontecimento.
Todavia o escritor Antônio Lopes de Sá, baseando-se em provas de seriedade incontestável, - embora não houvesse o recurso da impressão, sendo os livros copiados de manuscritos – aceita e defende como marco histórico da difusão do ensino da Contabilidade e início da era da Literatura, o século XI, defendendo a aparição dos trabalhos escritos no Oriente Médio, a exemplo do trabalho de Ismail Otar.
Crê-se não haver dúvidas sobre a produção literária ter ganhado intensidade a partir do século XIV, e mais tarde consolidada com a obra do frei Pacioli; entretanto Lopes de Sá chega a afirmar que se deve atribuir o mérito do impacto causado por tal publicação à sua impressão – realizada no processo que fora aperfeiçoado por Gutemberg no século anterior e que contribuíra alcançando maior números de exemplares – e não exatamente ao conteúdo do livro.
Lopes de Sá comenta ainda acerca da circulação de nada menos que seis obras no Oriente Médio; isso antes da obra de Paciolo haver sido editada². A obra manuscrita de Abdullah Ibn Mohammed Ibn Kya al – Mâzenderâni, de 1330, por exemplo, é um importante livro de 277 páginas e já trazia Diário, Razão, Livro de Apuração de Resultado, bem como livros auxiliares e casos especiais de escrita contábil, como Construção, Armazéns, Navegação, etc. Esta surgira antes de algumas e após outras no Oriente Médio, antecedendo, todavia, a obra do frei Paciolo e já apresentava o método das partidas dobradas, igualando débito e crédito.

Benedetto Cotrugli versus Luca Pacioli
Cotrugli, italiano, já expunha a partida dobrada em 1458, através de sua obra manuscrita, intitulada Della mercatura e del mercante perfetto; entretanto só viria a ser editada em 1573, atribuindo a invenção, reformação, ou seja a primeira autoria das partidas dobradas ao frei Luca Pacioli – afirmações desmentidas pela realidade histórica.
Algumas contábeis do século XVI
Em 1516, na Itália, surge a obra de Gian Francesco Aritmético – manual de cálculo contendo poucas páginas dobre a partida dobrada; em 1518 era editado, na Alemanha, um livro de Matheus Schwarz; posteriormente, em 1525, na Itália, surgia a obra de Giovanni Antônio Tagliente, de nome Luminario di arithmetica, libro doppio.

¹ Frei franciscano nascido em Borgo di San Sepolcro, Toscana, em 1447 e falecido em 1517.
² Segundo estudos de Göyünç, referidos pelo professor Otar.

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